sexta-feira, 13 de maio de 2016

Música









Boa tarde caros leitores! Hoje iremos falar sobre o que a psicologia nos diz sobre a forma como a música influência as nossas vidas, principalmente na adolescência e no momento da formação da nossa identidade.

A música é um linguagem universal de extrema importância pelo fato de promover o desenvolvimento do ser humano. É um modo de interdependência entre o corpo e a mente, entre a razão e a sensibilidade, entre a ciência e a estética, para promover a liberdade na criação e realização de sua própria ação.

No domínio da Psicologia da Música, como afirma Révész, não é fácil delimitar fronteiras com outras ciências: “a psicologia do som e da música cria uma conexão entre musicologia, física e fisiologia por um lado, e psicologia e estética por outro”. Essa abertura permeia toda a proposta da disciplina, uma vez que se distancia de qualquer aprisionamento teórico. É oferecida aos alunos a oportunidade de um conhecimento multidimensional e multifacetado que possibilita o entendimento da dimensão relacional constitutiva dos processos presentes na existência humana. A ideia de música aparece vinculada a diferentes visões – psicanalítica, behaviorista, cognitivista, existencial-humanista, interpessoal, sociológica e transpessoal – abandonando de vez o pensamento calcado em certezas absolutas. Vão se formando vários pontos de aproximação e de distanciamento entre Música como Arte, Música como Educação, Música como Cultura e Música como Terapia.

Quando crianças ouvem música que pais ouvem, normalmente, forma uma “base” para o futuro gosto musical da pessoa. Na adolescência, esse gosto musical já não se baseia mais nos pais, mas sim no grupo com o qual o jovem convive, no que a mídia apresenta e julga como bom. Pois a música como a beleza não pode ser definida. Os grupos se formam através da afinidade de gostos. Os ídolos tornam-se a referência dos jovens, influenciando no modo de agir, pensar, se vestir e até com quem você vai andar. Na maioria das vezes, isso é inconsciente, pois a adolescência é a época de buscar de identidade.

Recuando até aos anos 60, temos o exemplo dos Beatles que marcaram uma geração completamente nos seus comportamentos e estilos da época.

Contudo também é preciso ter em atenção ao poder que as letras das músicas têm e à sua capacidade de criar ligações com pessoas que se identificam com estas mesmas.

De acordo com pesquisas realizadas pela Universidade Keele do Reino unido, a escolha das músicas favoritas por um indivíduo está diretamente relacionada à experiência de vida e laços emocionais da mesmo, e na maioria das vezes denota similaridade com a própria história de vida da pessoa.

Segundo pesquisadores de duas conceituadas universidades alemãs, ouvir música enquanto se pratica atividades físicas é também capaz de proporcionar melhores desempenhos.

Sky Chafin da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos testou os efeitos da música clássica, pop e jazz no relaxamento das pessoas depois de eventos stressantes. Os resultados mostraram que ouvir música pop e jazz tem o mesmo efeito restaurativo que o silêncio. Já a música clássica fez efeitos muito mais rápidos e a pressão sanguínea tem tendência a cair para os níveis normais em muito menor tempo.
A música é um dos estímulos mais potentes para ativar os circuitos do cérebro. A janela de oportunidades musical abre-se aos 3 e fecha-se aos 10 anos. Não por acaso, conhecem-se tão poucos concertistas que tenham iniciado no aprendizado musical depois de iniciada a adolescência. Para Jensen a música facilita o desenvolvimento do cérebro.

Tiago:
A música para mim, é algo que dá luz à vida. Desde pequeno que comecei a contactar com a música. Aos 6 anos comecei a aprender a tocar piano num conservatória e ainda tive aulas de educação musical. Apesar de ter que desistir, porque não haveria forma de conciliar tudo na minha vida. Estudei música durante até 15 anos e conclui os meus estudos no 5ºgrau. Bastante foram as experiências positivas que tirei do conservatório, conheci novas pessoas, aprendi bastante sobre a interpretação e a complexidade da música.
Claro como não poderia deixar de ter, tive uma formação muito à base da música clássica, à qual posso dizer que gosto, mas não é de verdade o meu género favorito.

Mas para mim é também bastante difícil definir o meu género musica favorito, pois dependendo dos compositores ou músicos, gosto tanto de música clássica, como gosto de jazz, rock, pop, metalcore, etc.
As minhas principais referências de música clássica contemporânea são: Michael Giacchino, John Williams, Jóhann Jóhannsson, Rodrigo Leão, Hans Zimmer, Cesar Benito e Ludovico Einaudi. Contudo se falar de outros géneros musicais, a minha infância e adolescência fica marcada por referências como: Coldplay, Avenged Sevenfold, Linkin Park, Red Hot Chili Peppers, Radiohead, Robbie Williams, Oasis, Toranja, João Pedro Pais, Pedro Abrunhosa e David Fonseca.

A música para mim foi sempre também meio de motivar-me e sentir bem na vida. Antes de fazer qualquer prática desportiva ou trabalho, gosto sempre de ouvir música primeiro, e sinto-me bastante mais motivado e animado.

Outra grande experiência que a música me proporcionou, foi o facto de ter conseguido formar uma banda com um grupo de amigos. Apesar de só ter durado 3 anos, guardo grandes recordações e memórias. O facto de ter-me sido proporcionado uma educação musical foi bastante positivo, pois através da música adquiri valores de trabalho, disciplina, rigor, exploração, companheirismo e estimulei sem dúvida a minha criatividade.






João:

Música está presente em 50% do meu dia-a-dia, pelo que é fácil presumir qual será a influência que a música tem em mim.

Possui a capacidade de nos atirar para um mundo sem limites onde apenas a criatividade e abstração são permitidas, um mundo útopico. Não me imagino a andar sem música, treinar sem música, correr sem música, até trabalhar sem música. Aliás sinto mesmo capaz de aumentar a minha produtividade quando ouço música.

Relativamente aos géneros de músicas sou muito eclético e ouço de tudo, desde o calmo indie até ao intenso punk rock. Cada género para cada situação: situação mais passiva indie ou reggae, situação mais ativa rap ou punk rock.

A minha paixão começou já no ensino básico quando ouvi do telemóvel de um amigo meu a Sweet Child O’Mine dos Gun’s and Roses. Foi quase um momento de revelação.

Não é que não tivesse ouvido música antes, até porque em minha casa é “pão nosso de cada dia”, mas admito que nunca tinha prestado atenção aos ritmos, letras ou até ao resultado da sua junção. Existe qualquer coisa na música que a separa da realidade e a ligação desta a qualquer situação da nossa vida torna-a quase que memorável.
 
Eric Clapton, Miles Davis e Louis Armstrong são nomes usuais na coleção de CD’s lá de casa. Icónicos senhores da música.

Lembro-me rápido de duas situações particularmente distintas que foram elevadas pela música e ganharam um espaço na minha memória, graças a ela.

A primeira foi quando, à uns anos atrás, o Sporting Clube de Braga atingiu pela primeira vez o acesso à Liga dos Campeões. Lembro-me que no momento em que o árbitro apitou para o final da partida estava feliz, mas quando tocaram o hino da Liga dos Campeões senti um “arrepio na espinha” e fiquei emocionado. O Braga tinha feito uma época brilhante, lutando pelo título até à última jornada, mas na penúltima jornada conseguiu por garantir um inédito segundo lugar que o atirou para a Liga dos Campeões. A situação já era extraordinária e dava a todos os “Braguistas” um grande motivo de orgulho, mas a junção do hino àquele momento atirou-o para o meu subconsciente como sendo um dos mais brilhantes da minha vida.
 
https://www.youtube.com/watch?v=0Qqd6T_A9LY
 
O segundo foi mesmo com uma série: How I Met Your Mother. A série foi extremamente bem desenhada e permitiu ao público criar uma ligação especial com a sua personagem principal, Ted Mosby. A identificação com a personagem em questão era tão forte que o público vivia as vitórias e as derrotas na vida pessoal de Ted com grande intensidade. Foi sem surpresa que quando encontrou a pessoa que sempre desejou encontrar, se tratou de um momento icónico na história da televisão, mas o que antecedeu ao derradeiro encontro foi também um momento muito forte. “La vie en rose!” é uma das minhas músicas preferidas e Louis Armstrong é uma das razões, mas nesta cena da série Cristin Milioti foi autora de uma das redenções mais bonitas desta música. Magia é usualmente realizada com ajuda de uma varinha mágica, mas Cristin conseguiu fazê-lo apenas com a sua voz e um ukulele. Mais um momento genial proporcionado pela música!

https://www.youtube.com/watch?v=-NyKp5PMOts
 
Entretanto, enquanto escrevo e ouço música, lembro-me de mais momentos e fico arrepiado. Desde concertos a situações humanas da nossa vida, ela consegue, efetivamente, transformar “la vie en rose”.

 A contínua criação de música é tudo que peço aqueles que a fazem, porque podem ter a certeza de que está sempre aqui alguém que a vai ouvir, perceber e senti-la na sua máxima essência.


Pedro
Será possível transformar alguém através de uma música? Eu afirmo com segurança que sou prova viva disso mesmo. Não direi que foi apenas a letra profunda, nem a perfeita sintonia com os instrumentos, foi algo mais. Para algo nos mudar a forma como pensamos será preciso uma conjugação de diversos fatores, muitas das vezes não controlável.
Passando à explicação. Tenho em crer que o que realmente importante será a altura em que ouvimos uma determinada melodia. Digo melodia porque o som dos instrumentos também comunica tanto ou mais que a voz, pois são as intensidades tocadas que fazem despertar a nossa mentalidade. O certo é que para uma letra fazer sentido temos de ter passado por uma situação idêntica, temos de entender o porquê de o artista estar a expressar-se daquela forma. Por exemplo, uma música sobre a alegria de ser pai não fará muito sentido, se tiver 12 anos. Já uma letra sobre ultrapassar adversidades poderá ser um acordar para quem esteja num mau momento.

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