sexta-feira, 29 de abril de 2016

Genética vs Ambiente

Boa tarde, caros leitores. O tema que vamos abordar hoje é genética vs ambiente e como sempre iremos relacionar esta temática com a psicologia.
 
Pedro
 
É chamado de palhaço no trânsito, pega num taco de basebol e parte o vidro do carro da pessoa que lhe chamou tamanha blasfémia. É chamado de palhaço no trânsito, ignora palavras sem sentido e segue a sua marcha como se não fosse nada com ele. As justificações para estes diferentes comportamentos podem ter um valor biológico ou ser explicadas pelos diferentes ambientes onde os sujeitos foram criados.
Observando esta temática no campo desportivo, devemos refletir sobre o artigo do Dr. Anders Ericsson. Neste, ele ignora a componente da genética adquirida e acredita que para atingir uma performance de alto nível é necessária uma média de dez mil horas prática e não uma genética pré-determinada.
No entanto, uma posição em favor da genética é apoiada por estudos que referem a existência de variações genéticas de genes importantes na função cardíaca, respiratória e que afetam a estrutura muscular. Estas variações são uma imensa mais-valia para um futuro atleta, não sendo preciso ser treinadas.
Outros estudos tentam relacionar alguns genes com atitudes violentas. Uma análise genética de 900 criminosos na Finlândia, revelou que aqueles tinham a presença de dois genes específicos eram 13 vezes mais propensos a terem um comportamento violento frequente. Sabendo-se da genética que todos nós temos genes ativos e inativos, qual a razão para estes genes estarem ativos nestes criminosos?
É muito mais provável que um jovem que tenha crescido num bairro problemático venha a tornar-se criminoso, do que um jovem que tenha com um bom ambiente familiar e tenha crescida numa zona pacífica. A imitação de comportamentos faz parte da formação do humano, se todas as crianças da sua zona têm comportamentos agressivos, será de esperar que alguém  que cresça nesse ambiente tenha os mesmos comportamentos.
Em suma, embora existam vários estudos na área da genética que tentam explicar o comportamento e a performance desportiva com base no genoma de um indivíduo, o papel do ambiente não deve ser nunca esquecido. As vivências que são adquiridas ao longo da vida têm sempre um papel importante na formação do homem e conseguem dar sempre uma explicação credível para o comportamento humano.
 
 
Tiago
A meu ver, devemos olhar para esta questão, como muitas outras em que não se pode procurar extremismos. Já chegou-se claramente à conclusão que o homem não é determinado totalmente pelos seus genes, como também não é totalmente determinado pelo seu meio. Contudo, a investigação e a própria psicologia pode procurar saber até que ponto qual destes fatores influencia mais o homem, a genética ou o meio ambiente.
Os genes determinam múltiplas caraterísticas das pessoas, isso é visivelmente identificável no mundo do desporto, em que os atletas desportivos do alto rendimento diferenciam-se das outras pessoas pelo fator genético, dependendo da modalidade através da sua altura, percentagem de fibras musculares, força máxima, composição corporal e aptidões físicas. Para além destes aspetos também estudos da psicologia verificam que a inteligência, agressividade,  e até mesmo a timidez apesar de não serem 100% afetadas pela genética, ela também contribui a sua parte. O Psicólogo Heisenk aponta de 80% do QI estava relacionado com a genética e era disso que resultava a estratificação da sociedade ao nível da desigualdade de oportunidades. Outro exemplo é a pesquisa realizada por Bouchard e McGue (1981), onde combinaram os resultados do QI escolar de vários gémeos. Os resultados foram correlações que variavam de “0 a + 1.00 ou -1.00”, “quanto mais próximos de 1.00, maior é a relação que ela descreve”:
Gémeos idênticos criados juntos - 0,85
Gémeos idênticos criados separados - 0,67
Gémeos fraternos criados juntos - 0,58
Irmãos (incluindo os gêmeos fraternos) criados separados - 0,24
É possível concluir que os gémeos idênticos criados separadamente apresentam menores semelhanças de QI do que os gémeos idênticos criados juntos e, ainda sim há uma semelhança maior que o QI dos gêmeos fraternos que foram criados juntos.
Já o estudo de Juergen Hennig  consegue comprovar que o comportamento agressivo que nós consideramos psicopático ou sociopático tem em parte bases genética, como a timidez segundo um estudo da Universidade de Maryland.
No entanto, o ambiente também influencia e bastante o homem. Isto também é facilmente visível quanto comparamos pessoas que nascem em famílias desfavorecidas ou favorecidas, no interior ou no litoral, no campo ou na cidade, onde são milhares os fatores que influenciam o nosso comportamento. E isto tudo, porque os nossos comportamentos e os nossos pensamentos, como  os psicólogos Kofka, Kohler e Wertheimer defendiam, depende muito da forma como percecionamos o mundo e claro também através de associação de ideias.
Basta olhar para o exemplo português e verificar à diversidade de comportamentos e hábitos que as pessoas do norte, sul,  e das ilhas apresentam apenas pela diversidade cultural e o local onde nasceram. Ou no próprio desporto, quando dois atletas até podem ter as mesmas capacidades físicas semelhantes, mas um consegue ser melhor do que o outro porque o seu clube oferece melhores condições de treino e oportunidades para se melhorar. Os pais por exemplo têm o papel fundamental de criar estímulos. Não será possível estimular crianças a gostarem de aprender, se em casa os pais não têm a possibilidade de comprar bons materiais didáticos e escolares, são pouco cultos e não têm hábitos que permitam cultivar a cultura dos filhos através de uma visita a um museu, ir ver um concerto, teatro, espetáculo desportivo, um recital de dança, etc.
 
Concluindo, esta temática sem dúvida é bastante complexa pois coloca múltiplas variáveis e fatores. Podemos apenas concluir que a genética molda certa parte do ser humano, e o meio é estimula que essas mesmas partes se desenvolvam ou não. A minha genética pode definir-me como uma pessoa tímida, agressiva ou pouco inteligente, mas o meio tem a capacidade de poder inverter certa parte da minha personalidade. O homem é definido pela genética e pelo meio.
João
Este tema é extremamente interessante e suscita sempre muita discussão, porque efetivamente é uma temática onde ambas as prespetivas apresentam argumentos plausiveis.
Eu acredito que tanto um como o outro podem ter peso igual na pessoa em questão: tanto o gene pode passar algumas informações, não só fisiológicas como mentais e emocionais, como também a nossa vivência pode exponenciar ou asfixiar algumas dessas qualidades.
 Vou pegar no exemplo dos estudos que revelaram a existência de pessoas cujo o índice de energia é mais baixo do que outras mais próativas e que se sentem extremamente desgastadas á medida que o dia avança, ao contrário daquelas que são mais ativas.
Revela também que pessoas passivas necessitam de tempo para repousar e refugiar-se no seu mundo, ao contrário das próativas que se sentem estimuladas quando estão diante de situações novas e diferentes.
O estudo mostra ainda que as pessoas introvertidas e com menos energia podem trabalhar para se tornarem mais próativas, mas, naturalmente, vão querer sempre voltar á sua zona de conforto.
Para mim tudo isto fez sentido a um nível pessoal, isto é, naturalmente sempre fui introvertido, mas com o tempo procurei combater esse impulso da introversão. No entanto por mais que queira estar fora da minha zona de conforto, necessito sempre de tempo para repousar e repôr energias, porque, cá está, sou naturalmente introvertido!
Foi um estudo que me fez acreditar que quem tenha uma genética mais inclinada para introversão, ponderação e cautela, terá que enfrentar maiores desafios para “sair do seu mundo” e tornar-se uma pessoa mais imprevisivel, impulsiva e extrovertida, do que aquela que tendencialmente é extrovertida e impulsiva.
Transportando este exemplo para o campo em questão, naturalmente temos determinadas caraterísticas, mas com a influência do meio podemos revelá-las ou então escondê-las. Caso contrário, seríamos meros “robôts” que poderiam ser manipulados da mesma maneira, de acordo com as situações e pessoas, e isso simplesmente não acontece.
 
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