sexta-feira, 8 de abril de 2016

Animais de Estimação e a Psicologia

Boa tarde caros leitores.
Esta semana decidimos desenvolver como temática os animais de estimação e a respetiva forma como se comportam, relacionam com as pessoas e são treinados, relacionando simultâneamente com a psicologia. Seguem-se assim as nossas visões sobre os animais.


Tiago

A meu ver, a relações que os animais estabelecem com as pessoas são verdadeiramente fascinantes e por essa mesma razão elas são atualmente estudadas. É impressionante como é possível estabelecer-se fortes laços emocionais com outras espécies. Os animais enriquecem a vidas das pessoas e tornam-nas mais humanas. Falo por experiência própria e pelos diferentes animais domésticos que tive.
Na minha opinião os animais de estimação são verdadeiras lições de vida, pois através deles adquirimos valores de responsabilidade, compaixão, dever, obrigações e também são a meu ver uma iniciação para preparar crianças e jovens a lidar com a morte. O quanto custa perder aquele cão da família que marcou 10 a 15 anos da nossa vida e que deixou belas recordações.
Em 1857, o escritor britânico George Eliot escreveu: “Os animais são amigos muito agradáveis. Não fazem perguntas nem manifestam desaprovação”. Biólogos na Hungria analisaram o comportamento entre animais, detetando que eles ficavam agitados e ansiosos quando ficavam longe de seus donos, o que indica um grau de apego. Na psicologia, o apego é um sinal de laço entre mãe e filho. Entretanto essa pesquisa não determina necessariamente que o vínculo dos animais com seus donos seja inteiramente como de pais com filhos. Pode ser resultado dos 10 mil anos de domesticação, segundo cientistas. Elaborou-se também a hipótese de que os criadores de cães, ao longo do tempo, selecionaram cachorros que se comportem de maneira mais semelhante à de crianças. Cientistas japoneses descobriram que  os donos libertavam altas doses de oxitocina, a “hormona do amor”, depois de brincarem com os  seus animais, ou mesmo após apenas olharem para eles por muito tempo. Estas experiências provam que não apenas os cães agem como crianças, mas que os seres humanos os percebem como filhos.
Hoje em dia, os animais também já fazem parte de diversos tratamentos e terapias, pois foi descoberta a sua função terapêutica. As atividades com os animais diminuem a ansiedade e dor. Sendo assim possível diminuir em simultâneo o uso de medicamentos. Além disso, há casos comprovados na diminuição de sinais de depressão, pois o contato com os animais aumenta os níveis de endorfina. De seguida apresento vário exemplos de tratamentos e terapias com animais:


  • Nos Lares de Idosos a presença de animais aumenta as expectativas de vida;
  • A hipoterapia (terapia complementar com cavalos) é utilizada no desenvolvimento psicomotor de portadores da síndroma de Down e outras deficiências neuro psicomotoras congénitas ou adquiridas;
  • Os animais são indicados para pessoas com deficiências sensoriais (cegos e surdos), dificuldades de coordenação motora (ataxia), atrofias musculares, paralisia cerebral, distúrbios comportamentais e outros problemas.
  • O cão é capaz de pressentir antecipadamente as “convulsões” características da epilepsia, quer seja no ser humano quer noutro animal.
Os animais ganharam um espaço importante no tratamento de pacientes esquizofrénico com o trabalho pioneiro da psiquiatra Nise da Silveira. Contrária às técnicas agressivas de tratamento, a medicina percebeu o potencial terapêutico dos animais. 


Pedro

Não quero gatos! Disse-o com veemência para que a minha mãe compreende-se que não os queria mesmo. Já tínhamos tido vários gatos e de todos eles o desfecho era quase sempre trágico,  por isso, era tempo de ficarmos só com os três cães.
A minha mãe, sendo do contra como o filho, apareceu com gato bebé nessa mesma noite.  Como era de esperar choveram contra-argumentos da minha parte. “Os gatos não são higiénicos, são mais um encargo financeiro, provocam um desgaste enorme de energia na limpeza dos seus dejetos”. Disse-o mesmo com esta eloquência, porque falar mais agressivo não parecia ter grande efeito na minha mãe.
Ela não disse mais nada, saiu e deixou o gato nas minhas pernas. Eu não lhe queria fazer festas, mas o seu pelo parece que gritava para que eu o fizesse. O resto da história é óbvio, acabei por adorar o gato e passou a ser minha companhia nos pés da cama.
Psicologicamente falando, o ser humano tem sempre o mesmo comportamento. Primeiro estranha, mas mesmo não querendo, acaba sempre por entranhar.


João

Animais de estimação são interessantes. A capacidade de se tornarem devotos ao seu dono é louvável e a sua ternura é facilmente reconhecível. Podia falar sobre as várias espécies, mas prefiro focar-me nos cães.
Eu tive medos ligados a cães, temia sempre que me derrubassem ou mordessem, porque, verdade seja dita, quando se tem 1 metro e meio qualquer criatura possante que se atravesse na nossa frente é temível.
No entanto, com tempo e paciência descobri que eles são tudo aquilo que um humano pode desejar: devoção, ternura e amizade.
O interesse foi tanto que acabei por ser “arrastado” e enfeitiçado por estes amigos na televisão. “Dog Whisperer”, agora terminado, foi um programa apresentado por César Millan, um mago que parece ler a mente dos seus animais e percebê-los de uma maneira que até hoje não tinha sido possível.
“Stay grounded!” “Be the leader of the pack!” deverão ter sido provavelmente as afirmações mais utilizadas por este especialista ao dono do cão, já que acreditava que uma presença forte resultaria mais eficazmente sobre um “pequeno” mais insurreto. Ele tratava os cães como se trata os amigos: com respeito; e como seria de esperar eles submetiam-se devotamente á sua liderança. Liderança, respeito e tranquilidade são as suas armas e ao longo de 4 anos divulgou esses valores pelos ecrãs das nossas televisões, com intuito de ensinar o dono a corrigir comportamentos incorretos dos seus caninos.

Episódio diferente, situação diferente, intervenientes diferentes, mas todos corrigidos da mesma maneira: Lei da Causa-Efeito de Edward Lee Thorndike.

“The dog, on the other hand, as few or no ideas because his brain acts in coarse fashion and because there are few connections with each single process.”
Edward Lee Thorndike

O padrão era facilmente assimilável. O cão agia de maneira insurreta, César era chamado e através da alteração dos padrões comportamentais o “pequeno” transformava-se no “subordinado do ano” (excetuando um ou outro caso raro).
Por exemplo: Um cão não respeitava as indicações do dono. Não ficava quieto, não se sentava, não dormia na sua cama, não fazia necessidades no devido local e fugia quando ia passear... Para quem tem animais sabe como rapidamente se torna uma situação insustentável e seria aí que entrava o “Dog Whisperer”.
Com uma abordagem um tanto passiva, na espera de ver qual seria o comportamento do cão, César corrigia com repreensões ou simples toques que fossem desconfortáveis para o cão (sem nunca agredi-lo). Aos poucos o cão ia automatizando que o comportamento negativo iria ter uma conclusão desconfortável e começava a parar progressivamente.
Quando eram tratados os comportamentos negativos, ele passava para os comportamentos positivos. E o processo não diferia muito, apenas se substituía a reprimenda por festinhas, comida ou até mesmo com energia positiva (como uma celebração ou palmas). Tal como no comportamento negativo, o cão ia assimilando que agindo de uma determinada maneira, iria ser recompensado.

“So the animal finally performs in the fitting act”
Edward Lee Thorndike

Nos casos que requeriam extrema atenção, o especialista juntava o cão á sua gigante matilha treinada, onde se integrava e adquiria comportamentos novos, via socialização.
Concluindo, um processo constantemente positivo resulta num resultado constantemente positivo: o cão respeitador, o dono contente e César Millan com o seu Karma e conta bancária in crescendo. Tudo graças ao Associacionismo de Edward Lee Thorndike, impecavelmente adaptado pelo “Guru dos Cães”

César Millan, um British Bulldog, um Staffordshire Terrier, um Chihuahua e Pit Bull Terrier.

Referências:

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