A Eutanásia foi um assunto que ganhou grande relevância neste último ano, quando se começou a discutir a sua legalização em Portugal. A morte assistida é ainda um tabu para grande parte da sociedade portuguesa. Antes de ser tomada uma decisão, deve-se compreender se esta ação é legítima ou não. Por um lado pode ser uma solução para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida por outro lado está a violar o princípio do direito à vida. É essencial compreender as decisões dos pacientes. Mas será que um paciente em estado terminal tem condições mentais necessárias para poder decidir pôr fim à vida? A psicologia já estuda estes casos, e os psicólogos têm um papel importante para o bom aconselhamento dos doentes e dos seus familiares.
Eutanásia é uma Boa Morte ou não?
Segundo Freud, a morte é um resultado necessário à vida, inegável, e inevitável, porém, devido ao seu aspeto angustiante de finitude, o ser humano, no fundo não acredita em sua própria morte, “no inconsciente cada um de nós está convencido de sua própria imortalidade”. Por esta mesma razão ficamos abalados e chocados perante ela. Já o código de ética médica salienta que ao médico, na relação com pacientes e familiares, é vedado utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal (PESSINI E BARCHIFONTAINE, 1997). A Igreja Católica, condena e denuncia a prática da Eutanásia, usando como argumento a defesa do valor à vida, comparando por vezes o sofrimento humano com o sofrimento de Cristo. Mas segundo a perspetiva da psicologia, o psicólogo deve basear o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano. O paciente também sofre impactos psicológicos decorrentes da internação. O paciente é submetido a situações que podem gerar ansiedade, tais como: a dor, o sofrimento, a solidão e o medo da morte. Outro fator gerador de angústias são as influências do ambiente, com presença constante de luminosidade e ruídos dos aparelhos, a falta de privacidade, procedimentos invasivos, desconforto e as privações sensório-motoras. Também é preciso ter em conta que o psicólogo é uma pessoa, e como tal não se encontra preparado para enfrentar a morte, contudo tem à sua disposição a literatura e a psicoterapia para lidar melhor com este acontecimento. No século XX, o papel do psicólogo era estritamente clínico e quando se ampliaram as funções, não somente diagnóstica, aumentaram os contatos entre médicos e psicólogos. Desta forma, o psicólogo passou a fazer parte da equipa hospitalar. Aos poucos e ultrapassando muitas resistências, o psicólogo com formação hospitalar, impôs seu trabalho dentro dos hospitais somando esforços junto às equipes de saúde e formou-se a psicologia hospitalar. Para lidar com a dimensão emocional dos pacientes, a psicologia hospitalar disponibiliza para doentes, familiares e profissionais da equipa de saúde, o saber psicológico, que vem a resgatar a singularidade dos sujeitos, suas emoções, crenças e valores. Tem como objetivo a elaboração simbólica do adoecimento, ou seja, ajudar o paciente a atravessar a experiência do adoecimento através de sua subjetividade. O psicólogo também deve voltar seu olhar para os fatores sociais que envolvem os pacientes. Não adianta querer intervir apenas no âmbito emocional do sujeito se por trás do seu sofrimento estão presentes aspetos sociais que estejam contribuindo para o impacto emocional diante da hospitalização, como por exemplo, a restrição do lazer, do trabalho, dentre outros. Deve-se estar atento a todas as dimensões da vida do sujeito que estejam relacionadas ao adoecimento, afinal de contas, a saúde é o bem–estar biopsicossocial.
Tiago
A minha opinião em relação à eutanásia, é que os pacientes devem ser sempre acompanhados por psicólogos e médicos conscientes. Eles primeiro devem verificar se o paciente se encontra com capacidades mentais e emocionais suficientes para tomar esta decisão, e de seguida deve ser feita terapia clínica intensiva tanto com o paciente como com os seus respetivos familiares, onde são analisados os vários vetores que levaram a tomar esta decisão e a curto prazo perceber realmente se a decisão tomada pelo paciente deve seguir em frente. Por isso, sou a favor da eutanásia, mas deve sempre existir um acompanhamento médico e psicológico adequado.
A eutanásia é um tema discutido em todo o Mundo e provavelmente continuará a ser.
Pedro
Em casos de doentes incuráveis, segundo especialistas, estes têm o direito de pôr termo á vida de maneira controlada e assistida. Dada a sua definição e numa altura em que a eutanásia é um tema em debate na sociedade é importante discutirmos sobre o tema e através deste texto vou expor os meus argumentos para a não aceitação da prática.
Primeiro, a banalização dos cuidados paliativos nos hospitais. Ao permitirmos a eutanásia estamos a tirar crédito as estes cuidados, pois ao permitirmos a eutanásia não há razão para a evolução dos mesmos e será sempre mais fácil e mais económico a assistência de uma morte.
Segundo, a perda do valor da vida. Se é permitido terminar com a nossa vida porque estamos em sofrimento físico, não haverá muita diferença do suicídio. Ao liberalizar-mos uma morte assistida estaremos a permitir um suicídio, isto será o mesmo que dizer que ao vermos um individuo a querer atirar-se de uma ponte devemos permitir que ele o faça. A vida de um humano, seja em que circunstância for, deve ser respeitada e um governo não deve permitir que mesmo por opção esta não seja respeitada.
Em suma, tornar a eutanásia legal irá menosprezar os cuidados intensivos e desrespeitar o valor da vida humana. No entanto, este é um assunto que deve continuar a ser debatido e as posições a favor como contra devem ser ouvidas, de modo que aquando da tomada de decisão esta seja bem sustentada por diversos argumentos credíveis.
A minha opinião sobre a eutanásia é muito superficial e pouco pensada. Parece-me, inclusive, um tema que exige experiência pessoal, direta ou indiretamente.
Enquanto pessoa que vê de fora, vejo-o sempre como algo mais nobre do que o habitual “desligar as máquinas”. Eu sou cristão e acredito que Deus escreve direito por linhas tortas, mas acho que é possível “ter sido permitido” um bom “jogo de cintura” ao ser-humano para que este decidisse o que pode fazer a seguir.
Se me encontrasse numa situação dessas, com uma doença degenerativa e tudo o que me restava era uma cama e os meus ente queridos a sofrerem como inúteis mártires, eu pararia logo com a dor. Só o pensamento de ver aqueles que amo completamente devastados com aquela imagem tão negativa e destrutiva de mim, faz-me arrepiar. Preferiria um final mais bravo e positivo, do que a lenta, corrosiva e ilusionaria ideia de que pode haver luz ao fundo do túnel.
Ainda por cima tendo uma imagem tão tranquila da morte, porque não?
Numa situação indireta, preferiria ver aquele que amo “ir embora” pelas próprias mãos do que ser eu a decidir por ele e terminar com a dor. Moralmente falando, parece-me correto e positivo.
Além do mais acredito que se tivesse que passar por isso, ia passar muito tempo a preguntar-me se a minha decisão estava de acordo com o que a pessoa queria ou não, ou se ao desligar a máquina lhe tivesse “desligado” a hipótese de voltar á vida.
Acredito que as decisões da vida estão nas nossas mãos e não seria justo termos mais duas mãos externas para decidir por nós. Mas, cá está, estou a falar sem ter tido qualquer tipo de experiência do género e se puder que “Deus me livre!”
Primeiro, a banalização dos cuidados paliativos nos hospitais. Ao permitirmos a eutanásia estamos a tirar crédito as estes cuidados, pois ao permitirmos a eutanásia não há razão para a evolução dos mesmos e será sempre mais fácil e mais económico a assistência de uma morte.
Segundo, a perda do valor da vida. Se é permitido terminar com a nossa vida porque estamos em sofrimento físico, não haverá muita diferença do suicídio. Ao liberalizar-mos uma morte assistida estaremos a permitir um suicídio, isto será o mesmo que dizer que ao vermos um individuo a querer atirar-se de uma ponte devemos permitir que ele o faça. A vida de um humano, seja em que circunstância for, deve ser respeitada e um governo não deve permitir que mesmo por opção esta não seja respeitada.
Em suma, tornar a eutanásia legal irá menosprezar os cuidados intensivos e desrespeitar o valor da vida humana. No entanto, este é um assunto que deve continuar a ser debatido e as posições a favor como contra devem ser ouvidas, de modo que aquando da tomada de decisão esta seja bem sustentada por diversos argumentos credíveis.
As questões éticas e morais são sempre muito debatidas, quando a eutanásia se encontra no cerne.
João
A minha opinião sobre a eutanásia é muito superficial e pouco pensada. Parece-me, inclusive, um tema que exige experiência pessoal, direta ou indiretamente.
Enquanto pessoa que vê de fora, vejo-o sempre como algo mais nobre do que o habitual “desligar as máquinas”. Eu sou cristão e acredito que Deus escreve direito por linhas tortas, mas acho que é possível “ter sido permitido” um bom “jogo de cintura” ao ser-humano para que este decidisse o que pode fazer a seguir.
Se me encontrasse numa situação dessas, com uma doença degenerativa e tudo o que me restava era uma cama e os meus ente queridos a sofrerem como inúteis mártires, eu pararia logo com a dor. Só o pensamento de ver aqueles que amo completamente devastados com aquela imagem tão negativa e destrutiva de mim, faz-me arrepiar. Preferiria um final mais bravo e positivo, do que a lenta, corrosiva e ilusionaria ideia de que pode haver luz ao fundo do túnel.
Ainda por cima tendo uma imagem tão tranquila da morte, porque não?
Numa situação indireta, preferiria ver aquele que amo “ir embora” pelas próprias mãos do que ser eu a decidir por ele e terminar com a dor. Moralmente falando, parece-me correto e positivo.
Além do mais acredito que se tivesse que passar por isso, ia passar muito tempo a preguntar-me se a minha decisão estava de acordo com o que a pessoa queria ou não, ou se ao desligar a máquina lhe tivesse “desligado” a hipótese de voltar á vida.
Acredito que as decisões da vida estão nas nossas mãos e não seria justo termos mais duas mãos externas para decidir por nós. Mas, cá está, estou a falar sem ter tido qualquer tipo de experiência do género e se puder que “Deus me livre!”
Referências:
https://www.psychologytoday.com/blog/trouble-in-mind/201209/euthanasia-good-deathhttp://psychology.wikia.com/wiki/Euthanasia
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