A psicologia do desporto procura
compreender os pensamentos, emoções e comportamentos de um praticante ou outro
agente envolvido na prática do desporto. Os psicólogos tentam compreender o
papel dos fatores mentais no treino desportivo e na competição.
Ao desenvolver competências psicológicas dos
atletas, eles estão ao mesmo tempo a definir estratégias para a melhor
desempenho dos agentes desportivos. Procuram também compreender de que forma os
fatores psicológicos são responsáveis pelos níveis de atividade física.
Verificados os aspetos
psicológicos, vamos passar a contar um episódio desportivo de cada membro dos Psicologia
a 3 e de que maneira ele modificou a nossa maneira de pensar no desporto.
Pedro
Eu forte não sou, pontaria tenho
pouca, mas esforço tenho muito. E pronto, foi este o lema para ser o herói
daquele torneio. Tratavam-se dos campeonatos de polo aquático entre as piscinas
de Gondomar e eu orgulhosamente representava São Cosme.
Chegamos tranquilamente à final e
eu até já tinha marcado uns dois golos, mas agora a equipa era outra e a
responsabilidade também. Esta era a mesma equipa com quem já havia disputado as
três finais anteriores. As vitórias eram todas para o nosso lado e
responsabilidade de mostrar que somos melhores estava nos nossos ombros.
Tudo parecia estar a correr como
nas outras finais quando marcamos um golo logo nos instantes iniciais. O que
aconteceu a seguir foi o que acontece a todos aqueles que chegam ao topo.
Excesso de confiança. Acabamos por sofrer dois golos e o nosso treinador
perante a passividade de alguns jogadores chamou-me e disse-me para posicionar
lá na frente.
Entrei e pensei no meu lema. Sim!
Sim, deu resultado! Depois de muito nadar e tentar posicionar-me lá na frente
acabei por receber duas bolas perto da baliza. Nessas duas oportunidades, as
minhas fraquezas tornaram-se forças e consegui os dois golos da vitória.
É incrível o que conseguimos
atingir quando acreditamos em algo. Eu, o novato, consegui ser herói por um dia
e ficar na micro-história de São Cosme.
Tiago
Foi sobretudo através da via do
futebol, e através do modesto clube da minha terra, o Sport Clube Alba, que eu
vivi imensos episódios desportivos. Uns mais tristes e outros mais felizes.
Durante 13 anos passei por imensas peripécias. Mas sem dúvida que um dos mais
marcantes passou-se em 2010, quando a minha equipa de futebol organizou um
torneio por meados da páscoa.
No início do torneio, o nosso grupo era
constituído pelo “Paços de Brandão” e o famoso clube de belém “Os Belenenses”.
Como o segundo lugar dava acesso às meias-finais e por isso não tínhamos
aspirações para vencer os dois jogos. Contudo surpreendentemente conseguimos
fazê-lo, o meu clube que normalmente não costuma ter muito estatuto de vencer
competições e fazer bons resultados, conseguiu vencer a uma boa equipa de
Aveiro e a uma equipa famosa da primeira liga. Era motivo de grande orgulho,
contudo, ainda não eramos campeões e faltava alguns jogos. Nas meias-finais
encontramos uma equipa forte de Guimarães, mas apesar de tudo, a nossa equipa
teve qualidade suficiente para superá-los e garantir o acesso à final onde
iriamos reencontrar o Belenenses.
Antes da final, claro que todos
os meus colegas estavam nervosos, porque saberíamos que o jogo seria mais
difícil. Nós tínhamos a noção que quando tínhamos vencido o Belenenses pela
primeira vez, tivemos alguma sorte e que eles tinham desprezado o nosso valor, algo
que certamente não iria acontecer na final.
Foi sem dúvida dos jogos mais
frenéticos que joguei na minha vida. A nossa equipa jogava muito à defesa, por
isso sendo eu defesa, foi totalmente desgastante e massacrante acabar com todas
as jogadas efetuadas pelos jogadores do Belenenses, que para além de serem
muito bons tecnicamente era muito rápidos. Começamos a ganhar 1-0. Mas passado
pouco tempo eles empataram para 1-1. Já na segunda parte, eles tiverem um
penalty, mas felizmente o nosso guarda-redes defendeu. Já perto do final da
partida, tivemos a felicidade de marcar o golo da vitória e sagrámos campeões.
No final do jogo, era totalmente indiscritível a expressão de felicidade de
todos os meus colegas. Quando quase toda gente não acreditava na nossa vitória,
conseguimos alcança-la depois de tantos esforço e sacrifícios.
Mas o que marcou realmente este
torneio foi o mau perder do treinador da equipa da formação do Belenenses, que
foi bastante infeliz ao vir ter connosco e dizer que: “quero saber o que vai
ser de vocês daqui a uns anos, vocês não vão dar em nada!”. No entanto, fomos
nós que fomos levantar a taça, e foi um jogador do Alba que venceu o prémio de
melhor jogador. As coisas até nos correram bem no futuro. Um colega meu, foi
jogar para F.C. Porto, outro no C.D. Feirense, outros dois foram para uma
equipa cujo nome não nos diz muito, mas conseguiram excelentes resultados a
nível nacional. Já o nosso guarda-redes foi para a U.D. Oliveirense e eu mais
um grande amigo de infância, fomos convidados para a excelente academia da A.D.
Sanjoanense.
Claro que no final de contas,
nenhum de nós acabou-se por tornar jogador profissional de futebol, pois as
probabilidades de consegui-lo são muito reduzidas. Contudo isto não dá razão ao
treinador do Belenenses. Apesar de tudo guardo grandes recordações, amigos,
taças, medalhas e lições de vida que sem dúvida enriqueceram-me como pessoa. O
futebol pode formar poucos jogadores mas forma muitas pessoas.
"
A dar os primeiros passos em 2003"
João
Em toda a minha carreira de
jogador de futebol, que verdade seja dita não durou mais de 6 anos, marquei 1 golo.
Era defesa-central e marcar golos nessa posição é sempre uma situação muito
rara, portanto quando marquei, guardei de imediato na memória como sendo o meu
primeiro e único golo da minha curta passagem pelo futebol.
Não foi um golo daqueles que só
os virtuosos conseguem, foi pleno de oportunidade.
Lembro-me que se tratava de mais
um tradicional “INATEL/Fernando Pires”. A nossa equipa não era de perto das
melhores de Braga, talvez combatesse com o mesmo Fernando Pires para não sermos
considerados das piores. Esses combates davam-se dentro das quatro linhas com
muita frequência, quer fosse um amigável ou jogo do campeonato.
Seria num destes “clássicos” que
eu viria a ter o meu momento especial. Não ganhamos, mas fizemos um bom jogo.
Eles marcaram primeiro durante a primeira parte, num momento de descontração da
defesa, enquanto eu aquecia de fora e olhava com uma vontade incessante de
entrar lá dentro.
O “mister” chamou-me ao banco de
suplentes e atirou-me para dentro da arena. Surge uma oportunidade ofensiva com
um canto da direita: a bola sai bombeada, cai no meio da grande área e chuto
sozinho cheio de oportunidade para dentro das redes.
Com o jogo empatado, decidi não
celebrar e corri para o meu lugar no centro da defesa, de maneira a que não perdêssemos
tempo. Infelizmente acabamos por sofrer e perder por 2-1, mas eu fui para casa
com um sorriso de orelha a orelha porque afinal de contas tinha marcado o meu
primeiro golo.
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