sexta-feira, 29 de abril de 2016

Genética vs Ambiente

Boa tarde, caros leitores. O tema que vamos abordar hoje é genética vs ambiente e como sempre iremos relacionar esta temática com a psicologia.
 
Pedro
 
É chamado de palhaço no trânsito, pega num taco de basebol e parte o vidro do carro da pessoa que lhe chamou tamanha blasfémia. É chamado de palhaço no trânsito, ignora palavras sem sentido e segue a sua marcha como se não fosse nada com ele. As justificações para estes diferentes comportamentos podem ter um valor biológico ou ser explicadas pelos diferentes ambientes onde os sujeitos foram criados.
Observando esta temática no campo desportivo, devemos refletir sobre o artigo do Dr. Anders Ericsson. Neste, ele ignora a componente da genética adquirida e acredita que para atingir uma performance de alto nível é necessária uma média de dez mil horas prática e não uma genética pré-determinada.
No entanto, uma posição em favor da genética é apoiada por estudos que referem a existência de variações genéticas de genes importantes na função cardíaca, respiratória e que afetam a estrutura muscular. Estas variações são uma imensa mais-valia para um futuro atleta, não sendo preciso ser treinadas.
Outros estudos tentam relacionar alguns genes com atitudes violentas. Uma análise genética de 900 criminosos na Finlândia, revelou que aqueles tinham a presença de dois genes específicos eram 13 vezes mais propensos a terem um comportamento violento frequente. Sabendo-se da genética que todos nós temos genes ativos e inativos, qual a razão para estes genes estarem ativos nestes criminosos?
É muito mais provável que um jovem que tenha crescido num bairro problemático venha a tornar-se criminoso, do que um jovem que tenha com um bom ambiente familiar e tenha crescida numa zona pacífica. A imitação de comportamentos faz parte da formação do humano, se todas as crianças da sua zona têm comportamentos agressivos, será de esperar que alguém  que cresça nesse ambiente tenha os mesmos comportamentos.
Em suma, embora existam vários estudos na área da genética que tentam explicar o comportamento e a performance desportiva com base no genoma de um indivíduo, o papel do ambiente não deve ser nunca esquecido. As vivências que são adquiridas ao longo da vida têm sempre um papel importante na formação do homem e conseguem dar sempre uma explicação credível para o comportamento humano.
 
 
Tiago
A meu ver, devemos olhar para esta questão, como muitas outras em que não se pode procurar extremismos. Já chegou-se claramente à conclusão que o homem não é determinado totalmente pelos seus genes, como também não é totalmente determinado pelo seu meio. Contudo, a investigação e a própria psicologia pode procurar saber até que ponto qual destes fatores influencia mais o homem, a genética ou o meio ambiente.
Os genes determinam múltiplas caraterísticas das pessoas, isso é visivelmente identificável no mundo do desporto, em que os atletas desportivos do alto rendimento diferenciam-se das outras pessoas pelo fator genético, dependendo da modalidade através da sua altura, percentagem de fibras musculares, força máxima, composição corporal e aptidões físicas. Para além destes aspetos também estudos da psicologia verificam que a inteligência, agressividade,  e até mesmo a timidez apesar de não serem 100% afetadas pela genética, ela também contribui a sua parte. O Psicólogo Heisenk aponta de 80% do QI estava relacionado com a genética e era disso que resultava a estratificação da sociedade ao nível da desigualdade de oportunidades. Outro exemplo é a pesquisa realizada por Bouchard e McGue (1981), onde combinaram os resultados do QI escolar de vários gémeos. Os resultados foram correlações que variavam de “0 a + 1.00 ou -1.00”, “quanto mais próximos de 1.00, maior é a relação que ela descreve”:
Gémeos idênticos criados juntos - 0,85
Gémeos idênticos criados separados - 0,67
Gémeos fraternos criados juntos - 0,58
Irmãos (incluindo os gêmeos fraternos) criados separados - 0,24
É possível concluir que os gémeos idênticos criados separadamente apresentam menores semelhanças de QI do que os gémeos idênticos criados juntos e, ainda sim há uma semelhança maior que o QI dos gêmeos fraternos que foram criados juntos.
Já o estudo de Juergen Hennig  consegue comprovar que o comportamento agressivo que nós consideramos psicopático ou sociopático tem em parte bases genética, como a timidez segundo um estudo da Universidade de Maryland.
No entanto, o ambiente também influencia e bastante o homem. Isto também é facilmente visível quanto comparamos pessoas que nascem em famílias desfavorecidas ou favorecidas, no interior ou no litoral, no campo ou na cidade, onde são milhares os fatores que influenciam o nosso comportamento. E isto tudo, porque os nossos comportamentos e os nossos pensamentos, como  os psicólogos Kofka, Kohler e Wertheimer defendiam, depende muito da forma como percecionamos o mundo e claro também através de associação de ideias.
Basta olhar para o exemplo português e verificar à diversidade de comportamentos e hábitos que as pessoas do norte, sul,  e das ilhas apresentam apenas pela diversidade cultural e o local onde nasceram. Ou no próprio desporto, quando dois atletas até podem ter as mesmas capacidades físicas semelhantes, mas um consegue ser melhor do que o outro porque o seu clube oferece melhores condições de treino e oportunidades para se melhorar. Os pais por exemplo têm o papel fundamental de criar estímulos. Não será possível estimular crianças a gostarem de aprender, se em casa os pais não têm a possibilidade de comprar bons materiais didáticos e escolares, são pouco cultos e não têm hábitos que permitam cultivar a cultura dos filhos através de uma visita a um museu, ir ver um concerto, teatro, espetáculo desportivo, um recital de dança, etc.
 
Concluindo, esta temática sem dúvida é bastante complexa pois coloca múltiplas variáveis e fatores. Podemos apenas concluir que a genética molda certa parte do ser humano, e o meio é estimula que essas mesmas partes se desenvolvam ou não. A minha genética pode definir-me como uma pessoa tímida, agressiva ou pouco inteligente, mas o meio tem a capacidade de poder inverter certa parte da minha personalidade. O homem é definido pela genética e pelo meio.
João
Este tema é extremamente interessante e suscita sempre muita discussão, porque efetivamente é uma temática onde ambas as prespetivas apresentam argumentos plausiveis.
Eu acredito que tanto um como o outro podem ter peso igual na pessoa em questão: tanto o gene pode passar algumas informações, não só fisiológicas como mentais e emocionais, como também a nossa vivência pode exponenciar ou asfixiar algumas dessas qualidades.
 Vou pegar no exemplo dos estudos que revelaram a existência de pessoas cujo o índice de energia é mais baixo do que outras mais próativas e que se sentem extremamente desgastadas á medida que o dia avança, ao contrário daquelas que são mais ativas.
Revela também que pessoas passivas necessitam de tempo para repousar e refugiar-se no seu mundo, ao contrário das próativas que se sentem estimuladas quando estão diante de situações novas e diferentes.
O estudo mostra ainda que as pessoas introvertidas e com menos energia podem trabalhar para se tornarem mais próativas, mas, naturalmente, vão querer sempre voltar á sua zona de conforto.
Para mim tudo isto fez sentido a um nível pessoal, isto é, naturalmente sempre fui introvertido, mas com o tempo procurei combater esse impulso da introversão. No entanto por mais que queira estar fora da minha zona de conforto, necessito sempre de tempo para repousar e repôr energias, porque, cá está, sou naturalmente introvertido!
Foi um estudo que me fez acreditar que quem tenha uma genética mais inclinada para introversão, ponderação e cautela, terá que enfrentar maiores desafios para “sair do seu mundo” e tornar-se uma pessoa mais imprevisivel, impulsiva e extrovertida, do que aquela que tendencialmente é extrovertida e impulsiva.
Transportando este exemplo para o campo em questão, naturalmente temos determinadas caraterísticas, mas com a influência do meio podemos revelá-las ou então escondê-las. Caso contrário, seríamos meros “robôts” que poderiam ser manipulados da mesma maneira, de acordo com as situações e pessoas, e isso simplesmente não acontece.
 
 Referências:

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Entrada na Universidade

Hoje, o nosso tema tem como propósito  abordar a entrada na universidade e a nossa respectiva adaptação. Sem dúvida, que existe uma grande transição do ensino secundário para o ensino superior que normalmente traz consigo grandes alterações às nossas vidas peculiares de adolescentes. É exactamente nesta altura que grande parte dos adolescentes começam a procurar a sua autonomia e a decidir o futuro.
Segundo Erikson, 1976 “Em primeiro lugar, ela representa muitas vezes a primeira tentativa importante de implementar um senso de identidade autónoma, tentativa esta traduzida por meio da escolha profissional (ou tentativa de escolha), que é uma tarefa típica do desenvolvimento na passagem da adolescência para a vida adulta.”
Temos também como objectivo relacionar a temática de hoje, com a perspectiva da Psicologia. Perceber a razão pela escolha do curso, como os estudantes lidam com a pressão social em relação à entrada na universidade, adaptação a um novo modo de vida, perspectivas em relação ao futuro e a praxe.


Começando por perceber a razão pela qual a escolha de um curso de desporto, segundo  estudos dentro desta temática realizados em Portugal por Israel (2000), este concluiu que no seu estudo, realizado junto de alunos da Licenciatura em Desporto e Educação Física da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, que a principal razão para a escolha do curso e da profissão docente, inerente ao curso, não é a vocação mas sim outros factores como a “vontade de adquirir novos conhecimentos e a projecção social e económica de tirar um curso superior”. O facto de trabalhar junto de jovens e contribuir para o desenvolvimento destes, é outro dos factores indicado preferencialmente para justificar a escolha desta profissão. De realçar que ao contrário de outros estudos realizados no âmbito da escolha da profissão docente, os alunos não demonstraram ter escolhido a profissão de docente de Educação Física como alternativa ao não ingresso noutra vertente profissional.
Semelhantes foram as observações de Carreiro da Costa, et al (1994), junto de um universo de 106 alunos do 1º ao 5º ano de uma licenciatura de educação física, onde há a destacar:
  • O gosto e interesse pela prática de actividade física é o factor maioritariamente indicado para a escolha do curso;
  •  Apenas 41,5% deseja desempenhar de forma exclusiva a profissão de professor;
  • 26,4% desejam ocupar a função de treinador e 28,3% a função de treinador e professor.
  • Só os alunos a frequentar o 5º ano é que assinalam o seu desejo de virem a ser professores.
Para além da motivação, outro factor interessante que interessa estudar à psicologia é a adaptação e a rotina universitária. Segundo um estudo realizado na Universidade do Minho – “Transição e adaptação à Universidade : apresentação do Questionário de Vivências Académicas (QVA)”, realizado por: Almeida, Leandro S. , Soares, Ana Paula e Ferreira, Joaquim Armando G., tomando uma amostra de 1273 alunos do 1º ano de 41 licenciaturas da Universidade do Minho. Conclui-se que esta transição confronta o jovem com a resolução simultânea conjunto de tarefas em 4 domínios principais:
  • Académico – o ensino universitário requer novos ritmos e estratégias de aprendizagem, face aos novos sistemas de ensino e de avaliação.
  • Social – a experiência universitária requer o desenvolvimento de padrões de relacionamento interpessoal mais maduros na relação com a família, com os professores e colegas, com o sexo oposto e com as figuras de autoridade.
  • Pessoal – os anos universitários devem concorrer para o estabelecimento de um forte sentido de identidade, para o desenvolvimento da auto-estima, de um maior conhecimento de si próprio/a e para o desenvolvimento de uma visão pessoal do mundo.
  • Vocacional/ Institucional – a universidade constitui uma etapa fundamental para o desenvolvimento de uma entidade vocacional, onde a especificação, a implementação e o comprometimento com determinados objectivos vocacionais e/ou institucionais parecem assumir particular importância.
Ou seja, a entrada na universidade constitui um ano recheado de desafios que acaba por leva ao excessivo stress e natural ansiedade dos jovens. E este mesmo momento ainda é mais marcante, ocorrendo em Portugal, devido à tradição da Praxe.

A Praxe académica tem tido, ao longo dos anos, associada a si o papel chave na integração dos estudantes recém-chegados ao contexto universitário. Esse papel deve passar por assegurar uma resposta positiva à adaptação equitativa a todos os estudantes, podendo ser percepcionada como uma entidade de suporte social. Daí, quando a Praxe assume uma postura menos igualitária,menos acolhedora, mais violenta e causadora de incómodo, embaraço ou dor, dá-se a quebra do laço estabelecido entre o estudante e uma primeira tentativa de integração à instituição, ao curso, aos costumes aos novos colegas de curso. Torna-se necessária a devida responsabilização dos envolventes, a disponibilização de apoio a quem é afectado e a promoção das boas práticas praxistas. Em Dias e Sá (2013), numa investigação com estudantes portugueses, encontra-se que cerca de um terço dos inquiridos indicou o medo da praxe como o elemento mais nefasto da entrada no Ensino Superior. Também em Silva (2013), igualmente com estudantes portugueses, observa a existência de estudantes que apontam a praxe como contendo situações humilhantes, com carater obrigatório e que se prolongam no tempo. A afronta, a humilhação e a violência a que os recém-entrados podem ser expostos, por vezes, são tomados como excessos pontuais dos “doutores”, quando o comportamento destes, incentivado pressão social do grupo que praxa e estimulado pelo medo de represálias e isolamento sentido pelo caloiro que é praxado, ultrapassa as regras de conduta do código da praxe. Por isso mesmo, a entrada para o ensino superior é capaz de causar ansiedade a qualquer estudante, pois na situação em que vai para uma faculdade, não conhecendo e quase ninguém ou mesmo ninguém, é o único meio socialmente aceite como meio de integração é a praxe. E ele deve tomar a decisão de fazer ou não parte dela.


Tiago

Foi sem dúvida uma altura marcante da minha vida em diversos aspectos. Felizmente já sabia o curso que queria ingressar, apesar de não saber se ia atingir a média desejada. A  área do desporto, em especial a gestão e organização de eventos desportivos, foi sempre algo que me fascinou e gostaria de trabalhar. Outro factor que penso que foi decisório na sustentação da minha escolha, foi o facto de ter feito um curso profissional de técnico de apoio à gestão desportiva. Essa experiência prévia foi bastante gratificante, porque me permitiu desde cedo começar a estudar e a ganhar real noção da área desportiva e do mundo do trabalho.
Depois de saber que tinha conseguido entrado na melhor faculdade da área no país, fiquei bastante satisfeito e feliz, contudo quando faltava cerca de uma semana entrei num grande estado de ansiedade e angústia.
Uma das razões devia-se ao facto de ter que deixar de jogar futebol, outra das minhas grandes paixões, depois tinha algum receio de começar a viver sozinho, sujeito a dividir a casa com estranhos. Outra das razões sem dúvida era o curso. “Serei capaz de conclui-lo?”; Aquilo que realmente quero é a gestão desportiva, contudo tenho bastantes disciplinas práticas às quais sei que vou ter de trabalhar bastante para poder passar. “Como irão ser os professores?”; ”Serão realmente os maus da fita como todos dizem?”; Por fim o que mais me preocupava era a vida académica e a praxe. Valorizando sempre os ideais de uma vida moderadamente saudável, não queria meter-me em excessos alcoólicos até entrar coma.  A praxe era algo que me intrigava-me porque toda gente falava: uns por ser a melhor coisa do mundo, outros porque são totalmente contra ela. Eu apartida já tinha a ideia de que a praxe não seria nada de especial e nem muito agradável, mas decidi dar uma oportunidade e não me deixar influenciar pela elevada dramatização da comunicação social.
A minha ideia confirmou-se, a praxe é algo que não faz qualquer sentido pois não concretiza aquilo a meu ver devia ser o seu propósito, a integração. Apesar da praxe da minha faculdade não poder ser comparada em relação à dimensão de muito outras faculdades, não era nada de especial. Era submetido a tarefas sem propósito, chamavam-nos nomes, obrigavam-nos a saber canções sem sentido, a gastar dinheiro em jantares em que todos os caloiros comem do mesmo prato e talheres.
Frequentei a praxe durante as 2 primeiras semanas, a última gota foi quando andamos pelo centro da cidade do Porto a ser humilhados, a olhar para o chão, a caminhar de gatas, fazer figuras ridículas, e pressionaram-nos a beber álcool, que normalmente vinham de copos que ninguém sabe de onde e o que tinha lá dentro, e a participar em jantares académicos. Caso respondêssemos que não pressionavam-nos psicologicamente para dar uma boa razão.  Mas o que realmente me fascina são as pessoas que dizem que ser praxado foi os melhores anos da sua vida e que a universidade “não é para fazer-se mas sim para se ir fazendo”. Chegam mesmo a defender ideais que são totalmente os contrários da universidade. Não consigo perceber como  pessoas que gostam de ser humilhadas e ser submetidas a tarefas ridículas sem propósito.
Na minha opinião a praxe deveria continuar a existir, mas seria melhor, se fosse apenas actividades organizadas, em parceria, com o conhecimento e regulamentação da faculdade em que estudantes referenciados pelo sucesso escolar ficariam com o cargo de mostrar os diversos espaços da faculdade, promover actividades para as pessoas conhecerem-se melhor, uns jogos desportivos (não  nada que um jogo colectivo não ponha as pessoas a interagir e a falar), visitas guiadas para conhecer verdadeiramente a história da cidade, para que possamos ver algo realmente de interessante que não seja apenas a calçada, e claro uns jantares agradáveis.
Na primeira semana, também estranhei o facto de viver sozinho e ter começado uma nova aventura na cozinha, procurando variar os pratos de massa, arroz, atum e salsichas. Na segunda semana, já dividia a casa com outra pessoa, que por sorte até era um tipo simpático, viria a ser meu colega de faculdade e fazer parte do Psicologia a 3, o meu caro colega de Braga, João Pinto.
Já a relação com os docentes foi muita estranha desde quando me fui inscrever e uma mulher que mal me cumprimentou, pôs me num computador a carregar em botões à sorte para fazer um horário. Se não fosse a ajuda de amigos meus não saberia ir à plataforma do “Sigarra” consultar o meu horário. Depois segue-se entre muitos outros episódios em que diversos docentes demonstram um relação fria com estudantes. Felizmente há excepções e hoje já estou perfeitamente habituado.
Por fim, salientar o facto que mudei de escola desde criança com alguma frequência, por isso tive de habituar-me sempre a fazer amigos novos, mas claro que me custou, passar a primeira semana sozinho no Porto, onde não conhecia ninguém e os meu amigos do ensino básico e secundário que eu conhecia melhor, entraram em outros cursos, noutras faculdades, noutras regiões do país. Acabei por passar à vontade uns bons dois dias sozinho, mas com naturalidade foi ganhando coragem e fui abordando pessoas. Procurando conhece-las melhores e formei bons amigos. Posso afirmar com toda a convicção que nas duas primeiras semanas fiz mais amigos graças a vir à faculdade treinar para ginástica, natação ou estudar para a biblioteca do que propriamente na praxe, em que apenas continuei a estabelecer contacto com duas no máximo três pessoas. Por fim, não posso deixar de salientar que conheci também o meu outro grande caro colega Pedro que é de Gondomar e também faz parte do grupo Psicologia a 3.

Eu e o judoca Nuno, a aproveitar o melhor da praxe.

João

Bem, eu tive duas entradas na universidade. A primeira encarei com o habitual nervosismo e muita expectativa, a segunda nem por isso.
Estávamos em meados de Setembro de 2013 e a praxe, o nível de exigência dos professores eram uns dos temas que mais mexiam com a minha cabeça. Claramente encontrava-me perante uma situação diferente, mas nada de extraordinário.
Naturalmente, as pessoas hiperbolizam toda a entrada na universidade e chegam mesmo a classificar esse primeiro ano como sendo o melhor das nossas vidas, mas eu não acredito em nada disso.
Não é que não seja fascinante até porque estamos numa situação nova, mas parece-me que existem situações e experiências que podemos fazer que são bem mais divertidas e estimulantes em comparação com o beber até cair, ser humilhado e ter que beber de novo até cair porque “estou a ser humilhado e gosto disso”. Não é vida para mim.
Quando entrei na Universidade do Minho, experimentei a praxe e gostei no sentido em que promove o convívio e cria um espírito de família, mas também consegui fazer isso sem ter que arrastar a minha cara pela lama. Se tiver que aconselhar alguém nesta área diria que ir ás aulas é bem mais preferível e ficar até mais tarde a trabalhar com o pessoal da tua turma é a “cereja no topo do bolo”.
No “pacote” praxe veio o “presente” das saídas á noite e para um jovem que nunca bebeu, acabavam-se SEMPRE por tornar desconfortáveis. É engraçado sair com os teus colegas e agires como crianças no recreio, mas facilmente se torna irritante com as constantes confrontações das outras pessoas: “Porque é que não bebes?”; “Tens a certeza que não queres beber?”; “Tu é que ficas a perder!”; O que tornava tudo ainda mais ridículo é que eles nem queriam saber das respostas ou os porquês de não beber, simplesmente, me rotulavam como diferente.

Eu, João, em mais um evento da praxe da Universidade do Minho.

Já relativamente aos professores confesso que fiquei extremamente admirado com o dinamismo e a interactividade. Remeteu-me um bocado para as relações entre os mestres e os aprendizados. Fluidez e solidariedade eram características evidentes na nossa pequena turma e os professores tinham muitas vezes um papel decisivo na conjugação de todas as personalidades para formar uma pequena família.

As aulas de Desenho de Design de Produto. Informalidade era uma característica normal, mas a proximidade da turma era extraordinária.

A segunda entrada deu-se quando entrei na Universidade do Porto. Já vinha com outra “estaleca”, não entrei na praxe, dei tempo ao tempo e acabei por criar o meu núcleo de amigos (aos quais incluo o Pedro e o Tiago). Com os professores decidi ser mais brando, já que neste curso são cerca de 70 pessoas por aula e manter o controlo e ao mesmo tempo dinamismo será bem mais difícil.
Se tivesse que optar uma como sendo a mais marcante, diria que seria a entrada na Universidade do Minho, graças ao factor novidade, mas se tivesse que escolher uma mais calma e positiva, diria que a entrada na Universidade do Porto ganha com uma margem bem larga.

 Pedro

Confesso que a decisão de vir para a o curso de desporto é algo que ainda hoje não tenho explicações totalmente credíveis, mas vou tentar explicá-lo com este texto. Quando escrevemos, as coisas parecem sempre mais verosímeis, vejamos se funciona…
Primeiro, as notas pareciam ser as suficientes para entrar na FADEUP com relativa facilidade, dito isto já convencia alguns. Segundo, sempre estive ligado ao desporto. Fiz natação, futsal e a actividade desportiva foi algo que nunca me amedrontou, por isso, também se aceitava este argumento. Terceiro, da dispersão de assuntos que me interessavam, desporto era um deles. As perspectivas no seio familiar eram outras, mas eu sempre fui um rapaz do contra.
Ainda hoje é muito difícil dizer uma disciplina que realmente goste. Digamos que dentro de cada disciplina existem assuntos que me despertam curiosidade e para tudo resto o meu esforço é basicamente nulo.
Posto isto, sem saber o que optar vim para o que o meu rato clicou. Digo isto com sinceridade, ainda hoje tenho as minhas dúvidas se optei pelo mais certo. Mas a vida é assim, às vezes temos de bater com a cabeça para sabermos se erramos. Se bater com a cabeça cá estarei para emendar o que fiz mal. Até lá… Até lá, dou o meu melhor.

Referências:

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Eutanásia: Boa Morte ou não?

O termo Eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”.

A Eutanásia foi um assunto que ganhou grande relevância neste último ano, quando se começou a discutir a sua legalização em Portugal. A morte assistida é ainda um tabu para grande parte da sociedade portuguesa. Antes de ser tomada uma decisão, deve-se compreender se esta ação é legítima ou não. Por um lado pode ser uma solução para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida por outro lado está a violar o princípio do direito à vida. É essencial compreender as decisões dos pacientes. Mas será que um paciente em estado terminal tem condições mentais necessárias para poder decidir pôr fim à vida? A psicologia já estuda estes casos, e os psicólogos têm um papel importante para o bom aconselhamento dos doentes e dos seus familiares.

Eutanásia é uma Boa Morte ou não?

Segundo Freud, a morte é um resultado necessário à vida, inegável, e inevitável, porém, devido ao seu aspeto angustiante de finitude, o ser humano, no fundo não acredita em sua própria morte, “no inconsciente cada um de nós está convencido de sua própria imortalidade”. Por esta mesma razão ficamos abalados e chocados perante ela. Já o código de ética médica salienta que ao médico, na relação com pacientes e familiares, é vedado utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal (PESSINI E BARCHIFONTAINE, 1997). A Igreja Católica, condena e denuncia a prática da Eutanásia, usando como argumento a defesa do valor à vida, comparando por vezes o sofrimento humano com o sofrimento de Cristo. Mas segundo a perspetiva da psicologia, o psicólogo deve basear o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano. O paciente também sofre impactos psicológicos decorrentes da internação. O paciente é submetido a situações que podem gerar ansiedade, tais como: a dor, o sofrimento, a solidão e o medo da morte. Outro fator gerador de angústias são as influências do ambiente, com presença constante de luminosidade e ruídos dos aparelhos, a falta de privacidade, procedimentos invasivos, desconforto e as privações sensório-motoras. Também é preciso ter em conta que o psicólogo é uma pessoa, e como tal não se encontra preparado para enfrentar a morte, contudo tem à sua disposição a literatura e a psicoterapia para lidar melhor com este acontecimento. No século XX, o papel do psicólogo era estritamente clínico e quando se ampliaram as funções, não somente diagnóstica, aumentaram os contatos entre médicos e psicólogos. Desta forma, o psicólogo passou a fazer parte da equipa hospitalar. Aos poucos e ultrapassando muitas resistências, o psicólogo com formação hospitalar, impôs seu trabalho dentro dos hospitais somando esforços junto às equipes de saúde e formou-se a psicologia hospitalar. Para lidar com a dimensão emocional dos pacientes, a psicologia hospitalar disponibiliza para doentes, familiares e profissionais da equipa de saúde, o saber psicológico, que vem a resgatar a singularidade dos sujeitos, suas emoções, crenças e valores. Tem como objetivo a elaboração simbólica do adoecimento, ou seja, ajudar o paciente a atravessar a experiência do adoecimento através de sua subjetividade. O psicólogo também deve voltar seu olhar para os fatores sociais que envolvem os pacientes. Não adianta querer intervir apenas no âmbito emocional do sujeito se por trás do seu sofrimento estão presentes aspetos sociais que estejam contribuindo para o impacto emocional diante da hospitalização, como por exemplo, a restrição do lazer, do trabalho, dentre outros. Deve-se estar atento a todas as dimensões da vida do sujeito que estejam relacionadas ao adoecimento, afinal de contas, a saúde é o bem–estar biopsicossocial.

Tiago

A minha opinião em relação à eutanásia, é que os pacientes devem ser sempre acompanhados por psicólogos e médicos conscientes. Eles primeiro devem verificar se o paciente se encontra com capacidades mentais e emocionais suficientes para tomar esta decisão, e de seguida deve ser feita terapia clínica intensiva tanto com o paciente como com os seus respetivos familiares, onde são analisados os vários vetores que levaram a tomar esta decisão e a curto prazo perceber realmente se a decisão tomada pelo paciente deve seguir em frente. Por isso, sou a favor da eutanásia, mas deve sempre existir um acompanhamento médico e psicológico adequado.

 A eutanásia é um tema discutido em todo o Mundo e provavelmente continuará a ser.



Pedro

Em casos de doentes incuráveis, segundo especialistas, estes têm o direito de pôr termo á vida de maneira controlada e assistida. Dada a sua definição e numa altura em que a eutanásia é um tema em debate na sociedade é importante discutirmos sobre o tema e através deste texto vou expor os meus argumentos para a não aceitação da prática.
Primeiro, a banalização dos cuidados paliativos nos hospitais. Ao permitirmos a eutanásia estamos a tirar crédito as estes cuidados, pois ao permitirmos a eutanásia não há razão para a evolução dos mesmos e será sempre mais fácil e mais económico a assistência de uma morte.
Segundo, a perda do valor da vida. Se é permitido terminar com a nossa vida porque estamos em sofrimento físico, não haverá muita diferença do suicídio. Ao liberalizar-mos uma morte assistida estaremos a permitir um suicídio, isto será o mesmo que dizer que ao vermos um individuo a querer atirar-se de uma ponte devemos permitir que ele o faça. A vida de um humano, seja em que circunstância for, deve ser respeitada e um governo não deve permitir que mesmo por opção esta não seja respeitada.
Em suma, tornar a eutanásia legal irá menosprezar os cuidados intensivos e desrespeitar o valor da vida humana. No entanto, este é um assunto que deve continuar a ser debatido e as posições a favor como contra devem ser ouvidas, de modo que aquando da tomada de decisão esta seja bem sustentada por diversos argumentos credíveis.

As questões éticas e morais são sempre muito debatidas, quando a eutanásia se encontra no cerne. 

João

A minha opinião sobre a eutanásia é muito superficial e pouco pensada. Parece-me, inclusive, um tema que exige experiência pessoal, direta ou indiretamente.
Enquanto pessoa que vê de fora, vejo-o sempre como algo mais nobre do que o habitual “desligar as máquinas”. Eu sou cristão e acredito que Deus escreve direito por linhas tortas, mas acho que é possível “ter sido permitido” um bom “jogo de cintura” ao ser-humano para que este decidisse o que pode fazer a seguir.
Se me encontrasse numa situação dessas, com uma doença degenerativa e tudo o que me restava era uma cama e os meus ente queridos a sofrerem como inúteis mártires, eu pararia logo com a dor. Só o pensamento de ver aqueles que amo completamente devastados com aquela imagem tão negativa e destrutiva de mim, faz-me arrepiar. Preferiria um final mais bravo e positivo, do que a lenta, corrosiva e ilusionaria ideia de que pode haver luz ao fundo do túnel.
Ainda por cima tendo uma imagem tão tranquila da morte, porque não?
Numa situação indireta, preferiria ver aquele que amo “ir embora” pelas próprias mãos do que ser eu a decidir por ele e terminar com a dor. Moralmente falando, parece-me correto e positivo.
Além do mais acredito que se tivesse que passar por isso, ia passar muito tempo a preguntar-me se a minha decisão estava de acordo com o que a pessoa queria ou não, ou se ao desligar a máquina lhe tivesse “desligado” a hipótese de voltar á vida.
Acredito que as decisões da vida estão nas nossas mãos e não seria justo termos mais duas mãos externas para decidir por nós. Mas, cá está, estou a falar sem ter tido qualquer tipo de experiência do género e se puder que “Deus me livre!”

                                        

Referências:

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Animais de Estimação e a Psicologia

Boa tarde caros leitores.
Esta semana decidimos desenvolver como temática os animais de estimação e a respetiva forma como se comportam, relacionam com as pessoas e são treinados, relacionando simultâneamente com a psicologia. Seguem-se assim as nossas visões sobre os animais.


Tiago

A meu ver, a relações que os animais estabelecem com as pessoas são verdadeiramente fascinantes e por essa mesma razão elas são atualmente estudadas. É impressionante como é possível estabelecer-se fortes laços emocionais com outras espécies. Os animais enriquecem a vidas das pessoas e tornam-nas mais humanas. Falo por experiência própria e pelos diferentes animais domésticos que tive.
Na minha opinião os animais de estimação são verdadeiras lições de vida, pois através deles adquirimos valores de responsabilidade, compaixão, dever, obrigações e também são a meu ver uma iniciação para preparar crianças e jovens a lidar com a morte. O quanto custa perder aquele cão da família que marcou 10 a 15 anos da nossa vida e que deixou belas recordações.
Em 1857, o escritor britânico George Eliot escreveu: “Os animais são amigos muito agradáveis. Não fazem perguntas nem manifestam desaprovação”. Biólogos na Hungria analisaram o comportamento entre animais, detetando que eles ficavam agitados e ansiosos quando ficavam longe de seus donos, o que indica um grau de apego. Na psicologia, o apego é um sinal de laço entre mãe e filho. Entretanto essa pesquisa não determina necessariamente que o vínculo dos animais com seus donos seja inteiramente como de pais com filhos. Pode ser resultado dos 10 mil anos de domesticação, segundo cientistas. Elaborou-se também a hipótese de que os criadores de cães, ao longo do tempo, selecionaram cachorros que se comportem de maneira mais semelhante à de crianças. Cientistas japoneses descobriram que  os donos libertavam altas doses de oxitocina, a “hormona do amor”, depois de brincarem com os  seus animais, ou mesmo após apenas olharem para eles por muito tempo. Estas experiências provam que não apenas os cães agem como crianças, mas que os seres humanos os percebem como filhos.
Hoje em dia, os animais também já fazem parte de diversos tratamentos e terapias, pois foi descoberta a sua função terapêutica. As atividades com os animais diminuem a ansiedade e dor. Sendo assim possível diminuir em simultâneo o uso de medicamentos. Além disso, há casos comprovados na diminuição de sinais de depressão, pois o contato com os animais aumenta os níveis de endorfina. De seguida apresento vário exemplos de tratamentos e terapias com animais:


  • Nos Lares de Idosos a presença de animais aumenta as expectativas de vida;
  • A hipoterapia (terapia complementar com cavalos) é utilizada no desenvolvimento psicomotor de portadores da síndroma de Down e outras deficiências neuro psicomotoras congénitas ou adquiridas;
  • Os animais são indicados para pessoas com deficiências sensoriais (cegos e surdos), dificuldades de coordenação motora (ataxia), atrofias musculares, paralisia cerebral, distúrbios comportamentais e outros problemas.
  • O cão é capaz de pressentir antecipadamente as “convulsões” características da epilepsia, quer seja no ser humano quer noutro animal.
Os animais ganharam um espaço importante no tratamento de pacientes esquizofrénico com o trabalho pioneiro da psiquiatra Nise da Silveira. Contrária às técnicas agressivas de tratamento, a medicina percebeu o potencial terapêutico dos animais. 


Pedro

Não quero gatos! Disse-o com veemência para que a minha mãe compreende-se que não os queria mesmo. Já tínhamos tido vários gatos e de todos eles o desfecho era quase sempre trágico,  por isso, era tempo de ficarmos só com os três cães.
A minha mãe, sendo do contra como o filho, apareceu com gato bebé nessa mesma noite.  Como era de esperar choveram contra-argumentos da minha parte. “Os gatos não são higiénicos, são mais um encargo financeiro, provocam um desgaste enorme de energia na limpeza dos seus dejetos”. Disse-o mesmo com esta eloquência, porque falar mais agressivo não parecia ter grande efeito na minha mãe.
Ela não disse mais nada, saiu e deixou o gato nas minhas pernas. Eu não lhe queria fazer festas, mas o seu pelo parece que gritava para que eu o fizesse. O resto da história é óbvio, acabei por adorar o gato e passou a ser minha companhia nos pés da cama.
Psicologicamente falando, o ser humano tem sempre o mesmo comportamento. Primeiro estranha, mas mesmo não querendo, acaba sempre por entranhar.


João

Animais de estimação são interessantes. A capacidade de se tornarem devotos ao seu dono é louvável e a sua ternura é facilmente reconhecível. Podia falar sobre as várias espécies, mas prefiro focar-me nos cães.
Eu tive medos ligados a cães, temia sempre que me derrubassem ou mordessem, porque, verdade seja dita, quando se tem 1 metro e meio qualquer criatura possante que se atravesse na nossa frente é temível.
No entanto, com tempo e paciência descobri que eles são tudo aquilo que um humano pode desejar: devoção, ternura e amizade.
O interesse foi tanto que acabei por ser “arrastado” e enfeitiçado por estes amigos na televisão. “Dog Whisperer”, agora terminado, foi um programa apresentado por César Millan, um mago que parece ler a mente dos seus animais e percebê-los de uma maneira que até hoje não tinha sido possível.
“Stay grounded!” “Be the leader of the pack!” deverão ter sido provavelmente as afirmações mais utilizadas por este especialista ao dono do cão, já que acreditava que uma presença forte resultaria mais eficazmente sobre um “pequeno” mais insurreto. Ele tratava os cães como se trata os amigos: com respeito; e como seria de esperar eles submetiam-se devotamente á sua liderança. Liderança, respeito e tranquilidade são as suas armas e ao longo de 4 anos divulgou esses valores pelos ecrãs das nossas televisões, com intuito de ensinar o dono a corrigir comportamentos incorretos dos seus caninos.

Episódio diferente, situação diferente, intervenientes diferentes, mas todos corrigidos da mesma maneira: Lei da Causa-Efeito de Edward Lee Thorndike.

“The dog, on the other hand, as few or no ideas because his brain acts in coarse fashion and because there are few connections with each single process.”
Edward Lee Thorndike

O padrão era facilmente assimilável. O cão agia de maneira insurreta, César era chamado e através da alteração dos padrões comportamentais o “pequeno” transformava-se no “subordinado do ano” (excetuando um ou outro caso raro).
Por exemplo: Um cão não respeitava as indicações do dono. Não ficava quieto, não se sentava, não dormia na sua cama, não fazia necessidades no devido local e fugia quando ia passear... Para quem tem animais sabe como rapidamente se torna uma situação insustentável e seria aí que entrava o “Dog Whisperer”.
Com uma abordagem um tanto passiva, na espera de ver qual seria o comportamento do cão, César corrigia com repreensões ou simples toques que fossem desconfortáveis para o cão (sem nunca agredi-lo). Aos poucos o cão ia automatizando que o comportamento negativo iria ter uma conclusão desconfortável e começava a parar progressivamente.
Quando eram tratados os comportamentos negativos, ele passava para os comportamentos positivos. E o processo não diferia muito, apenas se substituía a reprimenda por festinhas, comida ou até mesmo com energia positiva (como uma celebração ou palmas). Tal como no comportamento negativo, o cão ia assimilando que agindo de uma determinada maneira, iria ser recompensado.

“So the animal finally performs in the fitting act”
Edward Lee Thorndike

Nos casos que requeriam extrema atenção, o especialista juntava o cão á sua gigante matilha treinada, onde se integrava e adquiria comportamentos novos, via socialização.
Concluindo, um processo constantemente positivo resulta num resultado constantemente positivo: o cão respeitador, o dono contente e César Millan com o seu Karma e conta bancária in crescendo. Tudo graças ao Associacionismo de Edward Lee Thorndike, impecavelmente adaptado pelo “Guru dos Cães”

César Millan, um British Bulldog, um Staffordshire Terrier, um Chihuahua e Pit Bull Terrier.

Referências: