Boa tarde, caros leitores. O tema que vamos abordar hoje é genética vs ambiente e como sempre iremos relacionar esta temática com a psicologia.
Pedro
É chamado de palhaço no trânsito,
pega num taco de basebol e parte o vidro do carro da pessoa que lhe chamou
tamanha blasfémia. É chamado de palhaço no trânsito, ignora palavras sem
sentido e segue a sua marcha como se não fosse nada com ele. As justificações
para estes diferentes comportamentos podem ter um valor biológico ou ser
explicadas pelos diferentes ambientes onde os sujeitos foram criados.
Observando esta temática no campo
desportivo, devemos refletir sobre o artigo do Dr. Anders Ericsson. Neste, ele
ignora a componente da genética adquirida e acredita que para atingir uma
performance de alto nível é necessária uma média de dez mil horas prática e não
uma genética pré-determinada.
No entanto, uma posição em favor
da genética é apoiada por estudos que referem a existência de variações
genéticas de genes importantes na função cardíaca, respiratória e que afetam a
estrutura muscular. Estas variações são uma imensa mais-valia para um futuro
atleta, não sendo preciso ser treinadas.
Outros estudos tentam relacionar
alguns genes com atitudes violentas. Uma análise genética de 900 criminosos na
Finlândia, revelou que aqueles tinham a presença de dois genes específicos eram
13 vezes mais propensos a terem um comportamento violento frequente. Sabendo-se
da genética que todos nós temos genes ativos e inativos, qual a razão para
estes genes estarem ativos nestes criminosos?
É muito mais provável que um
jovem que tenha crescido num bairro problemático venha a tornar-se criminoso,
do que um jovem que tenha com um bom ambiente familiar e tenha crescida numa
zona pacífica. A imitação de comportamentos faz parte da formação do humano, se
todas as crianças da sua zona têm comportamentos agressivos, será de esperar
que alguém que cresça nesse ambiente
tenha os mesmos comportamentos.
Em suma, embora existam vários
estudos na área da genética que tentam explicar o comportamento e a performance
desportiva com base no genoma de um indivíduo, o papel do ambiente não deve ser
nunca esquecido. As vivências que são adquiridas ao longo da vida têm sempre um
papel importante na formação do homem e conseguem dar sempre uma explicação
credível para o comportamento humano.

Tiago
A meu ver, devemos olhar para
esta questão, como muitas outras em que não se pode procurar extremismos. Já
chegou-se claramente à conclusão que o homem não é determinado totalmente pelos
seus genes, como também não é totalmente determinado pelo seu meio. Contudo, a
investigação e a própria psicologia pode procurar saber até que ponto qual
destes fatores influencia mais o homem, a genética ou o meio ambiente.
Os genes determinam múltiplas
caraterísticas das pessoas, isso é visivelmente identificável no mundo do
desporto, em que os atletas desportivos do alto rendimento diferenciam-se das
outras pessoas pelo fator genético, dependendo da modalidade através da sua
altura, percentagem de fibras musculares, força máxima, composição corporal e
aptidões físicas. Para além destes aspetos também estudos da psicologia
verificam que a inteligência, agressividade,
e até mesmo a timidez apesar de não serem 100% afetadas pela genética,
ela também contribui a sua parte. O Psicólogo Heisenk aponta de 80% do QI
estava relacionado com a genética e era disso que resultava a estratificação da
sociedade ao nível da desigualdade de oportunidades. Outro exemplo é a pesquisa
realizada por Bouchard e McGue (1981), onde combinaram os resultados do QI
escolar de vários gémeos. Os resultados foram correlações que variavam de “0 a
+ 1.00 ou -1.00”, “quanto mais próximos de 1.00, maior é a relação que ela
descreve”:
Gémeos idênticos criados juntos -
0,85
Gémeos idênticos criados
separados - 0,67
Gémeos fraternos criados juntos -
0,58
Irmãos (incluindo os gêmeos
fraternos) criados separados - 0,24
É possível concluir que os gémeos
idênticos criados separadamente apresentam menores semelhanças de QI do que os
gémeos idênticos criados juntos e, ainda sim há uma semelhança maior que o QI
dos gêmeos fraternos que foram criados juntos.
Já o estudo de Juergen Hennig consegue comprovar que o comportamento
agressivo que nós consideramos psicopático ou sociopático tem em parte bases
genética, como a timidez segundo um estudo da Universidade de Maryland.
No entanto, o ambiente também
influencia e bastante o homem. Isto também é facilmente visível quanto
comparamos pessoas que nascem em famílias desfavorecidas ou favorecidas, no
interior ou no litoral, no campo ou na cidade, onde são milhares os fatores que
influenciam o nosso comportamento. E isto tudo, porque os nossos comportamentos
e os nossos pensamentos, como os
psicólogos Kofka, Kohler e Wertheimer defendiam, depende muito da forma como
percecionamos o mundo e claro também através de associação de ideias.
Basta olhar para o exemplo
português e verificar à diversidade de comportamentos e hábitos que as pessoas
do norte, sul, e das ilhas apresentam
apenas pela diversidade cultural e o local onde nasceram. Ou no próprio
desporto, quando dois atletas até podem ter as mesmas capacidades físicas
semelhantes, mas um consegue ser melhor do que o outro porque o seu clube
oferece melhores condições de treino e oportunidades para se melhorar. Os pais
por exemplo têm o papel fundamental de criar estímulos. Não será possível
estimular crianças a gostarem de aprender, se em casa os pais não têm a
possibilidade de comprar bons materiais didáticos e escolares, são pouco cultos
e não têm hábitos que permitam cultivar a cultura dos filhos através de uma
visita a um museu, ir ver um concerto, teatro, espetáculo desportivo, um
recital de dança, etc.
Concluindo, esta temática sem
dúvida é bastante complexa pois coloca múltiplas variáveis e fatores. Podemos
apenas concluir que a genética molda certa parte do ser humano, e o meio é
estimula que essas mesmas partes se desenvolvam ou não. A minha genética pode
definir-me como uma pessoa tímida, agressiva ou pouco inteligente, mas o meio
tem a capacidade de poder inverter certa parte da minha personalidade. O homem
é definido pela genética e pelo meio.

João
Este tema é
extremamente interessante e suscita sempre muita discussão, porque efetivamente
é uma temática onde ambas as prespetivas apresentam argumentos plausiveis.
Eu acredito
que tanto um como o outro podem ter peso igual na pessoa em questão: tanto o
gene pode passar algumas informações, não só fisiológicas como mentais e
emocionais, como também a nossa vivência pode exponenciar ou asfixiar algumas
dessas qualidades.
Revela
também que pessoas passivas necessitam de tempo para repousar e refugiar-se no
seu mundo, ao contrário das próativas que se sentem estimuladas quando estão
diante de situações novas e diferentes.
O estudo
mostra ainda que as pessoas introvertidas e com menos energia podem trabalhar
para se tornarem mais próativas, mas, naturalmente, vão querer sempre voltar á
sua zona de conforto.
Para mim
tudo isto fez sentido a um nível pessoal, isto é, naturalmente sempre fui
introvertido, mas com o tempo procurei combater esse impulso da introversão. No
entanto por mais que queira estar fora da minha zona de conforto, necessito
sempre de tempo para repousar e repôr energias, porque, cá está, sou
naturalmente introvertido!
Foi um
estudo que me fez acreditar que quem tenha uma genética mais inclinada para
introversão, ponderação e cautela, terá que enfrentar maiores desafios para
“sair do seu mundo” e tornar-se uma pessoa mais imprevisivel, impulsiva e
extrovertida, do que aquela que tendencialmente é extrovertida e impulsiva.
Transportando
este exemplo para o campo em questão, naturalmente temos determinadas
caraterísticas, mas com a influência do meio podemos revelá-las ou então
escondê-las. Caso contrário, seríamos meros “robôts” que poderiam ser manipulados
da mesma maneira, de acordo com as situações e pessoas, e isso simplesmente não
acontece.
